De acordo com as observações até o momento, o planeta Terra é o único que possibilitou o desenvolvimento e manutenção da vida, e a evolução de vida inteligente. Não se tem nenhuma prova de vida extraterreste. O máximo que se encontrou são prováveis vestígios de filamentos bacterianos em fragmentos de meteorito. Por outro lado, existe um universo extramente vasto, com zilhões de estrelas e incontáveis planetas a serem explorados, nos quais é possível haver algum grau de desenvolvimento da vida, mas no presente momento temos dificuldades técnicas para observar e verificar, apenas podemos supor e imaginar. No momento Marte, e as luas Encélado e Europa são os alvos mais próximos para investigação.
A vida é um fenômeno adaptativo. Então ao passo que há no nosso planeta fatores importantes para possibilitar a vida, também é patente que os seres vivos são adaptados diretamente às condições da Terra. Então ao se falar em condições fundamentais, acabamos tocando também em fatores aos quais à vida se adaptou, e que não são necessariamente favoráveis, mas que “obrigaram” a vida a buscar estratégias de sobrevivência: basta pensar que cada ser vivo na terra é uma solução para a sobrevivência em um determinado nicho ou condições ambientais. A vida em suas formas e interações ecológicas estão em relação intrínseca com as características do nosso planeta.
Neste sentido, no campo da astrobiologia há duas questões: O que é necessário para que um planeta ou corpo celeste possa desencadear o desenvolvimento de formas de vida? É possível transplantar a vida para outros planetas?
Discordando da mainstream acerca da pesquisa de vida extraterrestre: não são as condições ideais presentes na terra apenas que devem ser buscadas na pesquisa sobre vida exterrestre, ainda que gere muitas especulações e manchetes de divulgação científica. Pensar em vida extraterrestre supõe pensar na vida como um processo espontâneo e adaptativo. Por que então não pensar em formas de vida que ao invés do carbono use outros elementos como matéria-prima-base? Por que cogitar que a vida necessite de oxigênio, que é na verdade um gás tóxico ao nível celular e que ocasionou a primeira extinção em massa? Por que cogitar a necessidade de vida vegetal, se na própria terra há seres independentes de oxigênio que produzem energia por quimiossíntese anaeróbia? Por que não pensar em formas de vida resistentes a altas ou a baixas temperaturas, como as arqueobactérias?
Sobre a tentativa de transplantar formas de vida da terra para outros planetas, há de se levar em conta que os seres vivos da terra são adaptados às condições próprias da terra, como nossa gravidade, às temperaturas daqui, à química e a atmosfera locais que aliás dependem de interações com os próprios organismos vivos. A princípio é necessário haver pesquisas e experimentos que analisem os efeitos das condições espaciais sobre as formas de vida em questão, como as que já são feitas sobre germinação vegetal em microgravidade. A respeito do ser humano se sabe que mesmo em ambiente oxigenado, a radiação, e uma gravidade diferente são prejudiciais e até mortais a médio prazo.
Então recolocando o tema, questiona-se: quais os fatores físicos, químicos e geográficos aos quais a vida na terra está em intrínseca ligação e que proporciona a sua manutenção da vida ao longo do tempo? Iremos listar alguns:
1) A terra contém água. A água é o solúvel onde se desenvolvem as reações químicas nas céluas das diversas formas de vida.
2) A terra é um planeta rochoso. Gravidade ideal, atmosfera e efeito estufa possibilitam a sustentação do oceano, bem como os outros estados da água, precipitações... Foi no oceano onde surgiram as primeiras formas de vida. Muitas formas de vida também se adaptaram a viver em terra firme.
3. Zona habitável: a órbita da terra se dá em um tal localização que possibilita as temperaturas e a quantidade de luz favoráveis à vida. A Terra está a uma distância ideal do Sol. Nem demasiado perto, como Mercúrio, permitindo assim, a Terra ter atmosfera, nem demasiado longe, permitindo à Terra ter temperaturas (média 22ºC) ideais para a existência de vida.
4) Ingredientes certos: a litosfera contém os elementos químicos utilizados nos constituintes da célula e necessários ao seu funcionamento tais como: Hidrogênio, Oxigênio, Carbono, Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Sódio... Essa constituição é devida às características da estrela que colapsou em supernova que foi a mãe de nossa estrela central. Análises de espectros de supernova tem revelado que o fósforo parece ser um elemento mais raro do que o que se pensava.
5) Características da nossa estrela central e nossa vizinhança: radiações X e gama são danosas à vida. O tipo de estrela que é o nosso sol, bem como a localização dela em relação a buracos negros e outras estrelas, a densidade estelar, possibilita um grau menor de presença de tais radiações.
6) Características do nosso sistema solar: A posição ocupada pela terra no sistema solar e o fato de contar com dois gigantes gasosos, um satélite relativamente grande, e a presença do cinturão de asteroides possibilita uma menor chance de ter grandes colisões. Análises de sistemas solares localizados em 100 e 1000 anos luz da terra mostraram que o modelo de nosso sistema solar é atípico, sendo que há o normal é haver uma uniformidade entre os tamanhos dos planetas de um dado sistema solar.
7) Uma história única: A evolução da vida na terra dependem diretamente dos eventos que aconteceram ao longo de sua história tais como as glaciações, impactos de meteoros, formação de um satélite natural, etc...
8) Interligação bio-ecológica: as várias classes de seres vivos existentes possibilitam o ambiente para o desenvolvimento de outras formas de vida, por exemplo: as algas cianofícias para produzir oxigênio livre, seres decomponentes para reciclagem da matéria, vegetação para reter carbono e nitrogênio e diminuir o efeito estufa etc.
9) Atmosfera com gases em proporção ideal: Nossa atmosfera que interage com as formas de vida possui em sua constituição gases com oxigênio, necessários a produção de energia, de gás carbônico pelo qual as plantas captam energia e matéria. Matéria esta que se redistribui ao longo das várias cadeias alimentares... Ela possui uma mistura de nitrogênio (78%), oxigênio (21%) e pequenas proporções de outros gases, como o dióxido de carbono. Logo que o planeta se formou, no entanto, não existia oxigênio.
10) Camada de Ozônio: possibilita a filtração de radiação ultravioleta, prejudiciais à vida, particularmente ao DNA.
11) Atmosfera densa: Que destrói meteoritos, diminuindo a ação de impactos que causariam grandes perturbações na terra.
12) Papel da atmosfera para a formação do clima: Na camada mais baixa da atmosfera é chamada de troposfera é onde ocorrem a maioria das alterações climáticas. Quando a energia solar aquece esta camada e também abaixo dela, o ar se espalha. Com isso, há uma circulação atmosférica que contribui para a formação do tempo e do clima do planeta.
13) Inclinação do eixo da terra: proporciona as estações do ano, solstícios, equinócios, aos quais estão ligados os ciclos vitais de diversos vegetais e animais.
14) Magnetosfera: campo magnético que protege o planeta da tempestades de energia provenientes de explosões solares.
Diante das condições particulares e das interações importantes entre o meio físico-químico e os organismos vivos na terra, formulam-se hipóteses como o da "terra rara" (de que mesmo diante da vasta gama de estrelas e sistemas solares no universo há um número limitado de planetas que possam possuir vida) ou a hipótese gaia defendida por Lynn Margulis, a qual propõe que a terra inteira funciona como um grande organismo, ou mesmo do "intelligent design".
Tão importante quanto explorar o universo, uma tarefa que requer altos investimentos, é cuidar de nosso planeta tão especial.
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